
Eu comecei a ler e larguei. Estava na página sessenta e pouco. O cara principal lá no sofá, parado na vida, o tédio e a completa falta de perspectiva também me parou.
Meses depois, o livro é a única coisa ao meu lado e eu estou em algum lugar. Pego-o. Abro-o. Na página cento e tanto - vamos ver o que se lê por aqui. Até porque eu ainda não sei o que aquela imagem esquisita faz numa das últimas páginas do livro. Vejamos.
Não eram muito lúcidas as condições, mas o bicho me pegou de jeito. Eu não sabia se quem delirava era o personagem ou era eu, perdido e translúcido que fiquei nas palavras que, sem sentido, faziam sua meta. Por alguns segundos o livro inclusive não pesou na minha mão apoiada nos joelhos, eu meio desajeitado na cama. Juro, o livro flutuou, mesmo preso entre os dedos. As palavras saíam das páginas e corriam pra dentro dos olhos, ainda que vesgo mais ou menos.
O que faz um livro é o resultado provocado nos sentidos. Por isso, recomendo.
(entrevista do Lourenço pra Vice aqui)