sexta-feira, 17 de setembro de 2010

de quando você põe pra fora pedaços do seu próprio corpo e se despede dele como se fosse de você mesmo

Sempre que assoava o nariz num pedaço de papel higiênico, dava uma olhadela na própria secreção ali disposta, uma observada sutil porque envergonhada diante dos outros, mas era sim uma despedida, porque ele precisava ver o que estivera dentro da sua carne e que agora se tornava matéria mundana, aquele catarro de cor amarelada era bem a memória de uma doença pela qual passava seu corpo nos últimos dias. Dentro de mim uma coisa viva que não sou eu, dizia. Um vírus, ser sem célula por excelência; o escarro o resultado da interação entre o corpo dele, homem, e o tal vírus, duas massas autônomas que dependem de outras massas para se prolongar espécies.