segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Caminho para o Inferninho nºS

A entrada fica naquela esquina entre o torto e o direito, onde desce uma cachoeira de plumas úmidas às 2 da manhã, espumas de real vinho branco onde os ratos se renovam, espumas da saliva de mamíferos roedores de desejos por renovação. Naquela esquina você entra, mantém o foco a um palmo dos lábios, vai descobrir porta pra saída; o refúgio de todos os dissidentes da madrugada, que correm pra essa rua no cruzamento em frente ao grande porto carregador de caminhões enormes com açúcar sal farinha e tudo o que chega pelo mar. Mas as pessoas vêm pelo asfalto, seguem os sentidos infravermelhos, reconhecem ondas eletromagnéticas dos seus semelhantes, e vão e vêm, tontos em busca da esquina saída para o nunca mais acordar. Porque a noite amanhece. Insistentemente. E os roedores se recolhem, de acordo com suas incontestáveis regras desoxirribonicleicas.