sábado, 16 de agosto de 2008

"ser pavão é ser superficial"


De passagem por Minsk - capital da Bielo-Rússia - para evento no Zoológico Nacional no último sábado, tivemos a oportunidade de tomar um café com o pavão Yjejo Jejo, o qual expressou profundo contentamento ao saber que mantínhamos um blogue dedicado ao pavonismo literário. Com muita gentileza, o famoso militante pavonístico nos cedeu uma breve entrevista acerca do movimento dos pavões na sociedade contemporânea e do falso impacto do "aquecimento global" para a fauna terrestre.

Ismoismo- O que é ser pavão?
Yjejo Jejo- Hm... Bom, é difícil definir um pavão. Eu poderia falar das cores, mas às vezes um pavão nasce albino e ainda assim é notado. É, eu acho que ser pavão é ser olhado - mesmo no meio de uma multidão de aves de todas as espécies. É algo que vem de dentro, sabe? Um espírito que emana superficialmente. É isso. Ser pavão é se expressar na superficialidade mesma, é ser superficial.

I- O senhor acha que o aquecimento global ameaça a existência da sua espécie?
Y- De maneira alguma, pelo contrário. Com o aquecimento global, o pavão é obrigado a abrir suas penas, o que o mantém arejado e, principalmente, esbelto (risos). Eu adoro o aquecimento global. Graças a ele, entraremos pra história (gargalhadas).

I- O senhor não parece mostrar sua plumagem com tanto vigor.
Y- Ah, meu filho, um pavão tem seus dias de descanso. Aquela calda toda erguida cansa. Celebrar meu dom é tarefa de peso. A gente também merece folga. É por isso que estou lutando pela implantação de um Código de Defesa do Pavão, de acordo com o qual teremos inúmeros direitos. Porque nossa função nesse mundo é de uma responsabilidade muitas vezes negligenciada pelos intelectuais humanos. Nós, intelectuais animais, estamos aí e lutaremos até o fim. Mas com muita beleza (olha profundamente para o horizonte).

I- Pra encerrar nossa breve conversa, quais autores o senhor indica como leitura do pavonismo literário?
Y- Ah, eu acho que antes de ler, é preciso observar as artes de Marcel Duchamp e do brasileiro Arthur Bispo do Rosário. Depois disso, acho que boas leituras povonísticas iniciais seriam Joyce, Homero, Nabokov e Proust. Mas antes de encerrar a entrevista, eu queria mandar um recado para os pavões brasileiros: aproveitem o carnaval.